Cheiro de democracia

Um jornal é mais do que apenas uma publicação que noticia coisas interessantes. Quando entra na vida de uma pessoa a partir da leitura, informa, forma opinião, hasteia bandeiras, luta pelo interesse público, defende a sociedade civil e se torna um instrumento da liberdade de expressão e da democracia.

Um jornal quando tem por detrás de si uma história de grandes batalhas, uma lista de notícias de impacto, uma série interminável de fotos que falam por si só, vira um patrimônio. E quando franqueia seu espaço às mais diversas tendências, aponta saídas e soluções e obtém a resposta rápida do poder público para demandas legítimas da população, vira porta-voz da cidadania, confunde-se com ela e enfrenta toda e qualquer ameaça, expõe o peito ao fogo cruzado de qualquer guerra editorial ou comercial contra si, mesmo que ela seja despropositada e de baixo nível, e sai ileso e vitorioso, mais forte, pronto para novos confrontos.

Um jornal, que nasceu em 1975, praticamente no meio dos chamados "anos de chumbo" e não se vergou aos ditames do autoritarismo, seguiu seu caminho peitando a concorrência desleal, ressurgindo nas bancas, no comércio e nas casas, depois de cinco anos fora de combate, e depois tomou a periodicidade diária, comprando sua maior briga, aquela da quebra do monopólio da informação, vencendo, com o tempo, enfim, um braço de ferro histórico, merece ser renovado sempre que possível. Foram dois monopólios quebrados pelo Mogi News: primeiro, em 1975, quando o empresário Paschoal Thomeu inseriu a marca, o semanário e sua qualidade gráfica e editorial no mercado; depois, em 1997, no mês de outubro, contados cinco anos sob o controle firme e as mãos ousadas de outro empresário, Sidney Antonio de Moraes, adotando a periodicidade diária, enfrentando a ira de quem detinha a exclusividade e não queria abrir mão dela nunca, mesmo isso sendo explicitamente nociva à democracia.

As batalhas, difíceis, demoradas e perigosas, precisavam ser norteadas pela coragem de se postar na vanguarda, reinventar o jornalismo mogiano, depois o regional, em novas linhas gráficas, ao mesmo tempo em que o conteúdo fosse atualizado, sem perder a ética e a busca incessante de prestar serviços ao leitor. E Sidney Moraes não vacilou em investir o quanto fosse preciso, em estrutura e profissionais, para que isso ocorresse, numa crescente, até chegar agora ao novo formato, um novo jeito de se apresentar a notícia, de colocá-la sob análise e respeitar o tempo e a inteligência da opinião pública.

Sidney Moraes é um homem que, diferente de outros tantos, fez história, venceu dificuldades e transformou o Mogi News em referência de modernidade e em sinônimo de liberdade de expressão. Que venham os próximos 35 anos!

Márcio Siqueira
Editor-chefe do Mogi News e do DAT